quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Prazo de Validade

Produto: Paulo Henrique Pimenta da Silva
Data de Fabricação: 01/02/1992
Lote: Século XX
Data de Validade: Só/Deus/Sabe

Desculpem-me pela comparação de minha pessoa a um produto. Não, não o sou.
É que, na verdade, tantas coisas aconteceram nesses últimos dias que eu fiquei pensando se estaria eu, perto do vencimento.
Já passei por muita coisa nesses poucos – mas bem vividos – 18 anos. E foi a partir dessa afirmação, que veio como um furacão à minha cabeça, o surgimento da pergunta “O que mais acontecerá em minha vida?”, seguida da conclusão “Ah sim, já sei”.
Conversando sobre universidade com a família, esparramados pelo sofá de casa, minha irmã, minha mãe e eu vimos que pensamos um pouco diferente. Minha mãe me disse que quem tem Jesus no coração consegue tudo o que quer. Questionei-a, quase que agressivamente, dizendo: “Então quer dizer que quem é ateu não passa em vestibular, e vira um fracassado é?”. Minha irmã concordou comigo. Ponto pra mim. Não chegamos a uma conclusão, os pensamentos são muito diferentes. Acredito que mamãe tenha apenas se expressado mal, compreendo.
Você deve estar se perguntando qual é a relação desse último parágrafo com o título do texto, né?
Ok, vamos lá.
Pergunto-me o que Deus tem reservado para mim. Pergunto-me ainda por que Ele confia tanto em mim e me dá tudo o que quero. Será que é porque deposito tudo em Suas mãos? Ou será porque meu prazo é curto?
Façamos, pois, para melhor entendimento da situação, uma linha do tempo e daí veremos se tenho motivo ou não para tal preocupação. (rimou, argh!)
1992: Nasceu no primeiro dia do mês de fevereiro.
1998: Ingressou, aos 6 anos, na turma da 1ª série do Ensino Fundamental
2001: Começou a escrever um livro com os amigos. “Histórias Cruzadas”. Sim, usávamos pseudônimos.
2002: Fez 10 anos e já estava na 5ª série.
2003: Perdeu o pai.
2005: Terminou a 8ª série.
2006: Foi pro Ensino Médio.
2008: Completou o 3° ano do Ensino Médio e sabia do seu futuro.
2009: Fez intercâmbio/ Começou a faculdade de Jornalismo/ Começou a Faculdade de Letras/ Conseguiu seu primeiro estágio/ Consolidou amizades antigas e firmou novas.
2010: O 18° aniversário foi comemorado/ Teve grandes momentos e uma super viagem com os amigos/ Foi pro seu segundo estágio/ Foi pro seu terceiro estágio/ Foi pro seu quarto estágio/ Deixou de ser estagiário e foi contratado como repórter de um jornal da cidade/ Passou para o curso de Comunicação Social na Universidade de Brasília.
Ufa! Fora aquilo que me fez mal e que me obrigou a levantar muitas vezes.
Esse seria um ciclo de vida completo, não? Criar uma família não está em meus planos; plantar uma árvore também não. Já posso morrer? NÃO!
Cadê o Paulo Pimenta com um microfone em mãos à frente de uma câmera de TV? Cadê o Paulo Pimenta desfrutando dos prazeres de morar (nem que por um mês) em Nova Iorque? Cadê o Paulo Pimenta, em sua festa de formatura dançando valsa com sua mãe? Cadê o Paulo Pimenta morando sozinho preparando uma festa para os amigos (só os íntimos, desculpa, rs) em seu apartamento?

Deus, se o Senhor estiver lendo este meu post, deixe-me ficar aqui por mais MUITOS anos?
Caso seja necessário, pode me chamar para um recall de fábrica, ok?
Mas por favor, duplique meu prazo de validade.
Tenho muito a oferecer a quem me rodeia e tenho muitos sonhos que precisam ser realizados.
Hoje, 26 de agosto de 2010. (224 meses e 26 dias).

P.S.: Não se esqueça de me agitar antes de me usar.
Paulo Pimenta

Falta sentimento.

Tudo bem, já entendi que tenho mais osso do que carne porque preciso ser duro. É como um carma. Duro de dinheiro, duro na queda. Duro. Mas duro assim? Sem nenhum sentimento? O que o coração tem a ver com isso? Me explica daquele jeito que só você sabe? Aguardo resposta.
Paulo Pimenta

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Deixe-me deitar em seu colo mais uma vez; afague meus cabelos.

-“Pai? Pai? O senhor tá aí? Tá me ouvindo?”

Sabe, pai, não sabia como começar a escrever um texto dedicado inteiramente ao senhor – na verdade não sei até agora. As palavras me faltam, as pernas ficam bambas. É uma respiração que vai ficando ofegante e lágrimas que vem com força total mas são barradas antes de cair por minhas bochechas.
Esse último Dia dos Pais foi um dos mais difíceis desde que o senhor se foi. Minto, ele superou todos os outros em questão de saudade. A intenção, ao escrever este texto, não é emocionar ninguém, tampouco fazer drama do tipo “olha lá 'o-menino-sem-pai'”, aliás, o senhor sabe bem o quanto eu odeio que me vitimem ou me vitimar em relação a isso. A verdadeira intenção de reunir todas essas palavras que vim aprendendo ao longo dos anos aqui, é, acima de tudo, tecer um tapete de palavras para representar a conversa que há muito tempo não temos.
Acho que daí de cima, você tem acompanhado todas as minhas conquistas e todos os medos que vêm me assombrando por tanto tempo.
Eu gostei de te visitar no último sábado. Tava triste. Tirei o dia pra sair sozinho, sem ninguém. Dei férias de mim de 1 dia pros meus amigos. Fiquei pouco tempo, eu sei. Mas ah, valeu à pena pra gente poder trocar umas ideias legais né?! (rs) Falando em amigo, o que o senhor tá achando das minhas novas companhias? Já levei alguns pra te conhecer, e os outros, você deve ter visto por aí, sempre ao meu lado.
A mãe está bem, às vezes ela dá a louca lá em casa, mas é porque tem muita coisa na cabeça dela, né? Coitada. Foi barra pra ela deixar a vida de esposa e assumir a vida de “Mulher da Casa”. Ai ai, complicado.
A Karla está bem, ela é a mais dramática – como sempre né? (risos). Teve um filho, o Iaguinho, ele já foi lá te visitar e ainda é meio confuso com a história do senhor ter deixado a gente.
O Kleber tá bem também. Além da Lili, que já está uma moça e você chegou a conhecer, veio o Guilherme, super carinhoso. Acho que o senhor de divertiria bastante com os meninos. E eu, ficaria com muito ciúme, lógico.
Ah pai, eu estou bem. Terminei a escola aonde o senhor sempre quis e entrei na faculdade. Acho que o senhor iria adorar o fato de eu ter escolhido jornalismo, íamos conversar todos os dias. Vixe, fiz um intercâmbio também (e não adianta negar, sei que teve uma mãozinha aí de cima!). O Canadá é lindo e eu adorei, obrigado. E agora vem o melhor de tudo: estou trabalhando! Consegui um emprego, é emprego mesmo, não é estágio não, num jornal aqui da cidade. Fico imaginando a sua cara de orgulho ao ler minhas matérias, juro que fico. Ei pai, quase esqueci de contar, PASSEI NA UnB, mas calma, não se empolgue, já tranquei... Ah, não dava certo não, o curso de Letras não foi o que eu esperava e eu nem ia ficar me dedicando à toa.
Vezenquando eu fico lembrando daquelas tardes que a gente ficava em casa juntos, fazendo nada, lembra? Das vezes que a gente ia esperar minha irmã em algum lugar e ficávamos fazendo planos caso ganhássemos na loteria. Lembra do cachorro-quente que o senhor fez pra mim? Lembra que não tinha molho também? Rio sempre quando lembro disso. Quando iremos assistir outro jogo do Botafogo no estádio? Quando soltaremos pipa durante uma tarde inteira mais uma vez?
Lembro também do nosso último adeus. O fato vem à minha cabeça como se fosse ontem. Eu, na escada de casa, pronto pra ir pro shopping, e o senhor indo pro hospital, tão grande era a dor que te afligia.

Querido pai, sinto falta de nossas conversas. Sinto falta, hoje, de uma conversa de homem pra homem. Em breve nos encontraremos, enquanto isso, fique tranquilo que os meninos, os meus amigos, estão me tratando super bem e não me deixam faltar nada (quase nada). As pessoas comentam o quanto somos parecidos fisicamente e como minhas atitudes parecem com as suas.
Você foi sim meu herói meu bandido. Você foi quem mais me ensinou. É por causa do senhor que sou esse menino prestativo e preocupado com as pessoas. É também por influência sua que tento abraçar o mundo com meus dois braços e aguentar os problemas de todos em minha cabeça.

Dê um abraço em todos aí.
Se cuida, tá?!
Amo o senhor, saiba sempre disso.

Com amor,

Seu eterno companheiro e maior admirador, Paulo Pimenta.

P.S.: Agora que terminei de escrever esta carta, a lerei para o senhor, pois sei que estás ao meu lado neste exato momento.

Paulo Pimenta

Meu eu que me impede

Todos os dias proponho a mim mesmo aceitar que ninguém é de ninguém. Não é fácil mas eu tento, acredite.

Paulo Pimenta