sábado, 24 de julho de 2010

Militarismo selvagem

Teatro. Não há outra palavra capaz de definir, melhor do que esta, o militarismo no Brasil. Tal conclusão veio após minha ida ao Batalhão para cumprir com a lei e, finalmente, após meu alistamento, apresentar-me.
Cheguei às 06:48h ao local da apresentação. Lá, dezenas de moleques-homens de 18 anos aguardavam, divididos em três filas, para entrar. Escolhi a fila menor e entrei rapidamente. Acho que o portão pelo qual passei, é como a porta do inferno – tive esta sensação. Fazia frio, muito frio mesmo. Vou contar um segredo pra vocês: não aturo pessoas que gritam comigo, tenho enorme repudio delas. Já da pra imaginar o que aconteceu, né? Um soldado (é, essas pessoas que não tem escolaridade, nunca foram superiores a ninguém e acham que têm moral) começou a gritar loucamente, dizendo palavras de baixo calão, tentando colocar medo nos meninos que ali aguardavam. De fato, conseguiu. Fui ficando nervoso, sem saber o que me esperaria mais à frente. Senti-me no Coliseu, onde aquele soldado era um dos leões e eu era um gladiador. Foi como se ele estivesse ali para animar seus outros companheiros de serviço, que, ao fundo, assistiam àquela representação ridícula. Ainda assim, centenas de pais assistiam, de longe, seus filhos – seus agora homenzinhos, vivendo o sonho (?) de servir à “[...] Pátria amada, Brasil.” Pátria amada? Como é possível apreciar um país com um incentivo desses? Jurar a bandeira? Ah, faça-me o favor. Milhares de pessoas queimam e rasgam a bandeira após uma simples eliminação da Copa do Mundo... Infelizmente não fomos nem seremos nunca educados a ser patriotas. Somos patriotas apenas quando o país vai bem.
Passado isso, esses momentos de gritaria, a sacanagem começou. Os nomes dos jovens foram chamados em voz alta, o que dava cartas para os soldados, mais uma vez, serem os atores daquela peça (ao final quase bati palmas, de verdade, de tão boa que foi a atuação deles). Nomes muitas vezes estranhos, cabelos estranhos, roupas estranhas, acessórios estranhos, mas a mesma alma e essência sempre: a de um ser humano, digno de respeito acima de qualquer coisa. Pude ver na face de cada uma das pessoas que viraram motivo de chacota, o ódio, a indignação. Após a bateria de exames e de muita humilhação, a cortina se fechou para uma parte da plateia. O espetáculo que fora iniciado naquela manhã, encerrou-se com a dispensa de alguns sortudos. Eu, graças a Deus, estava nesse grupo. Já era hora deles irem para os alojamentos e ensaiarem mais um pouco para o dia seguinte, acredito.
“Ordem e Progresso” neste país com os militares sendo preparados dessa maneira? Paciência. Se no Reino Unido há a frase “God save the Queen” (Deus salve a Rainha), aqui, para nós, deveria ser “God save the military” (Deus salve os militares). Vamos fazer alguma coisa para mudar nosso país. Paulo Pimenta.

Meus devaneios

Tenho sonhos infinitamente maiores do que eu e projetos absurdamente mais complexos do que minha cabeça. Deixo-os, porém, muito bem guardados em um lugar particular, onde ninguém conseguirá, jamais, encontrá-los. Guardo-os em meu âmago. Lidar com o que parece ser impossível, é complicado, sei bem. Mas não existem coisas impossíveis, né? Na verdade, não sei. Talvez porque eu tenha sido tomado por completo, há alguns anos, por alguns devaneios, que certas pessoas chamam de utopia. Será que acreditar em si é algo tão surreal? Admiro aqueles que têm essa facilidade de “ficar em paz” consigo mesmo. Venho lutando contra a maré de sentimentos e possibilidades que tentam, de alguma maneira, desviar-me daquilo que, hoje, seria minha maior realização. Desse jeito, continuo minha caminhada. Não há tantas pedras ou estradas como já fora citado por alguns tantos poetas em seus textos. Em minha vida, apesar de minha pouca idade, encontro apenas a dificuldade para enfrentar a batalha que me é travada diariamente: Acreditar que, de fato, alcançarei o que tanto almejo com o devido merecimento. Paulo Pimenta